O dia de finados, é
consagrado àqueles que regressaram ao mundo Espiritual, não é dia
de finados, é dia dos Espíritos. Dia de nossos parentes amados, dia
de nossos Guias venerados, dia daqueles que, pela carne e pelo
espírito, conosco se uniram por profundos laços afetivos, os nossos
parentes e os nossos amigos, que nos antecederam na partida para
outros planos de existência. Dia, também, daqueles que, sem terem
estado ligados a nós pelos vínculos consanguíneos de remotas eras
a nós se prenderam por indestrutível afeição, os nossos
Protetores, os nossos Guias Espirituais, em suma, os nossos melhores
amigos, de vez que, com inauditos sacrifícios, lutam por nossa
ascensão espiritual. O dia dito finado é, portanto, um dia de
saudade e de gratidão. Gratidão aos Protetores, que, no Além,
velam por nós. Saudades dos entes queridos que, embora, no Além,
permanecem em nosso coração. Presos pelo coração, presentes
estarão sempre em nossa memória. Por saber que não se finam os que
partem para o Além; e que, os que verdadeiramente se amam, unidos
pelo amor, continuam, como Espíritos imortais que são, que nós,
espíritas, comemoramos o 2 de novembro não como que rende culto ao
corpo, reduzido a um punhado de pó, no fundo do sepulcro, mas como
quem sabe testemunhar aos que se foram, imperecível amizade,
renovando, nesse dia, a prática de todos os dias, permutando com
eles os melhores pensamentos e os fluídos mais puros, através do
transcendental poder telepático da oração.
O dia de finados é, na
verdade, dia de renovação, de meditação e de oração. Evocação
dos entes amados, que já partiram para a vida espiritual, renovando
com eles os laços afetivos, em moldes menos egoístas, expungidos
das sensações terrenas e sublimados no mais puro amor, que é o
amor fraterno!
É dia de meditação
sobre nosso destino, pois amanhã estaremos também, do lado de lá,
despidos do corpo carnal, e, sem dúvida, mais vivos do que hoje,
para acertarmos contas com a Justiça Divina! É dia de oração em
prol do progresso espiritual de quantos nos são caros, bem como de
todos a quem somos devedores; pois, se a elevação dos amigos nos dá
alegria, a regeneração dos inimigos nos poupa sofrimentos.
Evocação, meditação e oração, que não devem ser situadas, à
beira do jazigo, onde rondam Espíritos atrasados, empedernidos
autores de crimes hediondos, ou castigados pelo próprio ateísmo. De
toda forma, desejosos de absorverem, em execrável vampirismo, os
últimos resíduos de fluido vital dos cadáveres em decomposição e
condenados a sentirem, no próprio Espírito, as pavorosas sensações
da desagregação corporal, sob o impacto dos micróbios necrófagos
e dos vermes vorazes!
Evocação, meditação
e oração, que, aos contrário, devem ser realizadas em ambiente tão
puro quanto possível, para que lucrem, não só os que são objeto
da evocação, da meditação e da oração, como, também, o que
evoca, o que medita, o que ora. E evocar com alegria, e meditar com
serenidade, e orar com confiança! Porque evocar com lágrimas,
meditar com pavor e orar maquinalmente a mesma coisa é que não
orar, não meditar e não evocar!
Evocar com choro,
rememorar o quadro da morte, submeter o parente ou amigo à lembrança
dos angustiantes momentos que precederam ao desenlace, não é dar
prova de amizade, é sinal de amor egoísta, que não sabe renunciar
em proveito da evolução espiritual de outrem. Orar sem convicção,
sem sentir no coração aquilo que os lábios proferem, não é orar,
é resmungar. Revoltar-se contra o destino, que arrebatou o ente, é
atentar contra os desígnios de Deus, duvidando de sua bondade,
esquecido de que o ente querido, antes de ser um parente terreno, é
um Espírito eterno, filho amado do Criador, que, como Pai
sapientíssimo, vela pelo futuro de todos, dando a cada um o destino
que lhe convém.
Uma coisa pode ser
afirmada, existem duas forças poderosíssimas que unem os Espíritos
no além-túmulo: o amor e o ódio. O amor, para felicidade. O ódio,
para a reparação. Unidos, desde já, aos nossos parentes e os
amigos, pelo vínculo do amor, unidos continuaremos, fatalmente, na
vida espiritual. Ligados aos inimigos, pelo desejo de vingança,
ligados permaneceremos, para desgraça nossa, nos planos espirituais.
Portanto se quiserdes paz e progresso no mundo do além-túmulo,
estreitai, cada dia mais, os laços afetivos com os parentes e os
amigos, que partiram para a outra vida. Mas não vos esqueçais de
vossos inimigos, sobretudo dos que já se libertaram do corpo
material, porque, agora, mais livres e menos acessíveis à vossa
vigilância, mais temíveis se tornaram, de vez que vos podem
prejudicar, sem que disso suspeiteis! Lembre que Jesus mandava amar
os inimigos. Destruindo inimizades, irá construir a vossa paz no
Mundo Espiritual. Logo, fazendo o bem ao vosso desafeto, o benefício
será seu. É o que ensina a Filosofia Espírita.
Retirado do site:
www.sepe.org.br
Um comentário:
Sem dúvida um dos textos mais belos que já li.....
Postar um comentário