Estudo Espírita

O Que é o espiritismo?


O espiritismo é uma ciência filosófica de consequências morais. Como ciência, investiga os fatos espíritas. Como filosofia explica-os. Como ética dá-nos um roteiro moral para as nossas vidas. Pode-se definir como sendo a ciência que estuda a origem, natureza e destino dos espíritos, bem como as relações existentes entre o mundo espiritual e o mundo corpóreo.

O espiritismo (ou doutrina espírita) foi codificado por um professor francês de meados do século XIX: Allan Kardec.


Esta doutrina surgiu como resultado de muitos estudos feitos por esse homem que, de início, não acreditava na comunicação dos espíritos.

* Espiritismo: princípios fundamentais

- Existência de Deus

- Imortalidade da alma (ninguém morre, apenas deixamos o corpo físico)

- Comunicabilidade dos espíritos (através da mediunidade - capacidade que algumas pessoas têm de comunicar com o mundo dos espíritos)

- Reencarnação

- Lei de causa e efeito

- Pluralidade dos mundos habitados

A doutrina espírita, ou espiritismo, baseia-se em fatos e não foi criação de um homem: é resultado de anos e anos de estudo metódico. Hoje, percebe-se que tem muito para dar à humanidade.

Os 5 livros fundamentais para conhecer o espiritismo, resultado desse estudo, são:

   



 O Livro dos Espíritos   





 O Livro dos Médiuns




        



 O Evangelho Segundo oEspiritismo



                    



 O Céu e o Inferno






 
 A Génese






Não confunda espírita (o adepto do espiritismo) com médium (pessoa que tem capacidade de comunicar com o mundo dos espíritos), nem espiritismo (doutrina de tríplice aspecto: ciência, filosofia e moral) com mediunismo (mera prática mediúnica).
Um médium pode ser espírita, como pode ser ateu, católico, protestante, etc. Um espírita pode ter ou não mediunidade. Então mediunidade é uma característica comum na humanidade que o espiritismo também utiliza (à semelhança de outras doutrinas) para comunicar com o mundo dos espíritos.

Fonte: ADEP

O Que Não é?  

O espiritismo não se compadece com negócios e/ou negociatas.

Onde houver comércio, aceitação monetária, o espiritismo não está aí.

Os espíritas não colocam anúncios nos jornais, publicando os seus dotes e prometendo a resolução dos problemas alheios.



1 O QUE É O ESPIRITISMO
AssociaçãoEspírita Nosso Lar.

A palavra espiritismo foi criada por Allan Kardec, para designar a doutrina que ele codificou. Foi empregada pela primeira vez no Livro dos Espíritos, onde lê-se:
"Para as coisas novas necessitam-se de palavras novas, assim é necessário a clareza de linguagem para evitar a confusão inseparável do sentido múltiplo dos mesmos vocábulos. As palavras espiritual, espiritualista, espiritualismo têm uma acepção bem definida [...]”. Com efeito, o espiritualismo é o oposto do materialismo; quem crê haver em si outra coisa que a matéria, é espiritualista. Mas não se segue daí que crê na existência dos espíritos ou em suas comunicações com o mundo visível. Em lugar das palavras espiritual, espiritualismo, empregamos para designar esta última crença, as de espírita e de espiritismo.  “[...] Diremos, pois, que a Doutrina Espírita ou o Espiritismo tem por princípios as relações do mundo material com os espíritos ou seres do mundo invisível. Os adeptos do Espiritismo serão espíritas ou, se o quiser, os espiritistas."
Desta forma, embora hoje as pessoas empreguem a palavra espiritismo de maneira equivocada, confundindo com as religiões de origem africana simplesmente pelo fato de elas acreditarem na comunicação com os espíritos e na reencarnação, e embora se fale em Espiritismo Kardecista objetivando fazer diferenciação entre a doutrina que professamos e outras doutrinas, seitas e religiões espiritualistas, a verdade é que somente existe um espiritismo, aquele codificado por Allan Kardec.
Procurando dar uma noção inicial sobre o objeto de nosso estudo, podemos dizer que o Espiritismo é uma doutrina revelada pelos Espíritos Superiores, através de médiuns, e organizada (codificada) por um educador francês, conhecido por Allan Kardec.
O Espiritismo é, ao mesmo tempo, filosofia, ciência e religião.
Filosofia - porque dá uma interpretação da vida, respondendo a questões como "de onde eu vim?", "o que faço no mundo?", "para onde irei depois da morte?", Toda doutrina que dá uma interpretação da vida, uma concepção própria do mundo, é uma filosofia.
Ciência - porque estuda, à luz da razão e dentro de critérios científicos os fenômenos mediúnicos, isto é, fenômenos provocados pelos espíritos e que não passam de fatos naturais. Todos os fenômenos, mesmo os mais estranhos, têm explicação científica. Não existe sobrenatural no Espiritismo.
Religião - porque tem por objetivo a transformação moral do homem, revivendo os ensinamentos de Jesus Cristo, na sua verdadeira expressão de simplicidade, pureza e amor. Uma religião simples, sem sacerdotes, cerimoniais e nem sacramentos de
espécie alguma. Sem rituais, culto a imagens, velas, vestes especiais, sem manifestações exteriores.
1.1 Os pontos fundamentais do Espiritismo
(Conforme matéria da Revista Reformador, março 1997):
- Deus é a inteligência suprema e causa primária de todas as coisas. É eterno, imutável, único, onipotente, soberanamente justo e bom.
- O Universo é criação de Deus. Abrange todos os seres racionais e irracionais, animados e inanimados, materiais e imateriais.
- Além do mundo material, habitação dos Espíritos encarnados (homens), existe o mundo espiritual, habitação dos Espíritos desencarnados.
- No Universo há outros mundos habitados, com seres de diferentes graus de evolução: iguais, mais evoluídos e menos evoluídos que os homens.
- Todas as leis da natureza são Leis Divinas, pois que Deus é o seu autor. Abrangem tanto as leis físicas como as leis morais.
- O homem é um Espírito encarnado em corpo material. O perispírito é corpo semimaterial que une o Espírito ao corpo material.
  - Os Espíritos são seres inteligentes da Criação. Constituem o mundo dos Espíritos, que preexiste e sobrevive a tudo.
- Os Espíritos são criados simples e ignorantes. Evoluem intelectual e moralmente, passando de uma ordem inferior para outra mais elevada, até a perfeição, onde gozam de inalterável felicidade.
- Os Espíritos preservam sua individualidade antes, durante e depois de cada encarnação. - Os espíritos reencarnam tantas vezes quantas forem necessárias ao seu próprio aprimoramento. - Os Espíritos evoluem sempre. Em suas múltiplas existências corpóreas podem estacionar, mas nunca regridem. A rapidez do seu progresso, intelectual e moral, depende dos esforços que façam para chegar a perfeição.
- Os espíritos pertencem a diferentes ordens, conforme o grau de perfeição que tenham alcançado: Espíritos Puros, que atingiram a perfeição máxima; Bons Espíritos, nos quais o desejo do bem é o que predomina; Espíritos Imperfeitos, caracterizados pela ignorância, pela inferioridade moral e pelas paixões inferiores.
- As relações dos Espíritos com os homens são constantes, e sempre existiram. Os bons espíritos nos atraem para o bem, nos sustentam nas provas da vida e nos ajudam a suportá-las com coragem e resignação. Os imperfeitos nos impelem para o mal. - Jesus é o guia e modelo para toda a humanidade. E a Doutrina que ensinou e exemplificou é a expressão mais pura da Lei de Deus.
- A moral do Cristo, contida no Evangelho, é o roteiro para a evolução segura de todos os homens, e a sua prática é a solução para todos os problemas humanos e o objetivo a ser atingido pela humanidade.
- O homem tem o livre-arbítrio para agir, mas responde pelas conseqüências de suas ações. - A vida futura reserva aos homens penas e gozos compatíveis com o procedimento de respeito ou não à Lei de Deus.
- A prece é ato de adoração a Deus. Está na lei natural, e é resultado de um sentimento inato do homem, assim como é inata à idéia da existência do Criador.
- A prece torna melhor o homem. Aquele que ora com fervor e confiança se faz mais forte contra as tentações do mal e Deus lhe envia os bons Espíritos para assisti-lo. É este um socorro que jamais se lhe recusa, quando pedido com sinceridade. 
 
1.2 Prática espírita
  (Conforme Revista Reformador, março 1997):
- Toda a prática Espírita é gratuita, dentro do princípio do Evangelho: "Dai de graça o que de graça recebeste".
- A prática Espírita é realizada sem nenhum culto exterior, dentro do princípio Cristão de que Deus deve ser adorado em espírito e verdade.
- O Espiritismo não tem corpo sacerdotal e não adota e nem usa em suas reuniões e em suas práticas: altares, imagens, andores, velas, procissões, sacramentos, concessões, indulgências, paramentos, bebidas alcoólicas ou alucinógenas, incenso, fumo, talismãs, horóscopos, cartomancia, pirâmides, cristais, búzios, ou quaisquer outros objetos, rituais ou forma de culto exterior.
- O Espiritismo não impõe seus princípios. Convida os interessados a conhecê-los a submeter os seus ensinos ao crivo da razão, antes de aceitá-los.
- A mediunidade, que permite a comunicação dos espíritos com os homens, é uma faculdade que muitas pessoas trazem consigo ao nascer, independentemente da religião ou da diretriz doutrinária de vida que adote.
- Prática mediúnica espírita só o é aquela que é exercida com base nos princípios da Doutrina Espírita e dentro da moral Cristã.
O Espiritismo respeita todas as religiões, valoriza todos os esforços para a prática do bem e trabalha pela confraternização entre todos os homens, independentemente de sua raça, cor, nacionalidade, crença, nível cultural ou social. Reconhece ainda, que "o verdadeiro homem de bem é o que cumpre a lei de justiça, de amor e de caridade, na sua maior pureza."
1.3 O consolador
Jesus Cristo prometeu outro consolador: “Se me amais, guardai os meus mandamentos; e eu rogarei ao meu Pai e ele vos enviará outro consolador, a fim de que fique eternamente convosco: - O ESPÍRITO DE VERDADE, que o mundo não pode receber, porque não o vê e absolutamente não o conhece. Mas quanto a vós, conhecê-lo-eis porque ficará convosco e estará em vós. – Porém, o Consolador, que é o Santo Espírito, que meu pai enviará em meu nome, vos ensinará todas as coisas e vos fará recordar tudo o que vos tenho dito”. (S. João, cap. XVI, vv. 15 a 17 e 26).
O consolador prometido por Jesus, também designado pelo apóstolo João, como o Santo Espírito, seria enviado à Terra com a missão de consolar e lidar com a verdade “[...] sob o nome de Consolador: o Espírito de Verdade, Jesus anunciou a vinda daquele que haveria de ensinar todas as coisas e de lembrar o que ele dissera” (ressalta Kardec, Evangelho segundo o Espiritismo, capítulo VI)
O Consolador: o Espírito de Verdade, dará aos encarnados o conhecimento de sua origem, da necessidade de sua estada na terra e do seu destino, bem como espalhará a consolação pela fé e pela esperança.
Ainda no Evangelho segundo o Espiritismo, Allan Kardec comenta que:
“Jesus prometeu outro consolador: o Espírito de Verdade, que o mundo ainda não conhece, por não estar maduro para o compreender, consolador que o Pai enviará para ensinar as coisas e para relembrar o que Cristo havia dito. Se, portanto, o Espírito de Verdade tinha de vir mais tarde ensinar todas as coisas, é que o Cristo não dissera tudo; se ele vem relembrar o que Cristo disse, é porque o que disse foi esquecido ou mal compreendido”.
Constitui o Espírito Consolador, portanto, a Terceira Revelação de Deus aos povos no Ocidente, e procede de Espíritos sábios e bondosos, que, do além, enviaram seus ensinamentos por meio dos instrumentos mediúnicos. Várias são as razões que justificam a promessa do Cristo, do aparecimento do Espírito de Verdade, como o Consolador:
Uma delas seria a inoportunidade de uma revelação total e completa pelo Cristo, numa época em que o homem não estaria amadurecido para compreendê-la. Outra razão é a do esquecimento pelos homens das verdades apregoadas no seu Evangelho. E ainda, as distorções premeditadas que a mensagem evangélica sofreu ao longo dos tempos.
Se Jesus não disse tudo o que teria podido dizer, é porque acreditava dever deixar certas verdades na sombra até que os homens estivessem prontos para compreender. Conforme sua declaração, seus ensinamentos estavam incompletos, já que anunciava a vinda daquele que os deveria completar; previa então que se enganariam sobre suas palavras, que se desviariam de seus ensinamentos; em uma palavra, que desfariam aquilo que tinha feito, já que todas as coisas deveriam ser restabelecidas; ora só se restabelece aquilo que foi desfeito.
Podemos dizer então que a doutrina espírita é uma revelação, a terceira, (1ª Moisés, entre os Judeus, 2º Jesus Cristo). Jesus previa que os homens teriam necessidade de consolações, que implica a insuficiência daqueles que eles encontrariam na crença que iriam seguir. Nunca, talvez, Jesus Cristo tenha sido mais claro e mais explícito que nessas últimas palavras, às quais poucas pessoas prestam atenção, talvez porque se evitasse trazê-las à luz e aprofundar seu sentido profético.
A revelação entre o Espiritismo e o Consolador está no fato de a Doutrina Espírita conter “[..] todas as condições do Consolador que Jesus prometeu”, ou seja, “[...] o Espiritismo vem abrir os olhos e os ouvidos, portanto fala sem figuras, nem alegorias, levantando o véu intencionalmente lançado sobre certos mistérios. Vem, finalmente, trazer a consolação suprema aos deserdados da Terra e a todos os que sofrem, dando uma causa justa e um objetivo útil para todas as dores”. (O Evangelho Segundo o Espiritismo, capítulo VI).
O Espírito de Verdade se apresenta aos homens, à frente de elevadas entidades espirituais, que voltaram à terra para completar a obra de Cristo, de outro lado Kardec se coloca a postos, à frente de criaturas espiritualizadas, dispostas a colaborarem na imensa tarefa. “[...] O que então se cumpria era a uma promessa do Cristo, através de todo um imenso processo de amadurecimento espiritual do homem [...]”
No livro A Gênese, no capítulo Caracteres da Revelação Espírita, após expor a importância do Espiritismo quanto ao entendimento do verdadeiro ensino de Cristo, Kardec propõe a seguir:
“Se considerarmos, além disso, o poder moralizador do Espiritismo pelo objetivo que ele assinala a todas as ações da vida, pelas conseqüências do bem e do mal que ele expõe claramente; pela força da moral, a coragem, a consolação que dá nas horas de aflição por uma inabalável confiança no futuro, pelo pensamento de termos ao nosso lado os seres amados a quem amamos, pela certeza de os rever, a possibilidade de conversar com eles, enfim, pela certeza de que, de tudo o que fizemos, de tudo o que adquirimos em inteligência, em ciência, em moralidade, até o último instante de nossa vida, nada se perdeu, que tudo serve para o nosso adiantamento, reconhecemos que o Espiritismo realiza todas as promessas de Cristo no que diz respeito ao Consolador anunciado. Ora, como é o Espírito de Verdade que preside ao grande movimento da regeneração, a promessa de seu advento também se realizou, porque, pelos fatos, deduzimos que é ele o verdadeiro consolador”.
Disse o Cristo: “Bem aventurados os aflitos, pois que serão consolados”. Mas, como há de alguém sentir-se ditoso por sofrer, se não sabe por que sofre? O Espiritismo mostra a causa dos sofrimentos nas existências anteriores e na destinação da terra, onde o homem expia o seu passado. Mostra o objetivo dos sofrimentos, apontando-os como crises salutares que produzem a cura e como meio de depuração que garante a felicidade nas existências futuras. O homem compreende que mereceu sofrer e acha justo o sofrimento. Sabe que este lhe auxilia o adiantamento e o aceita sem murmurar, como o obreiro aceita o trabalho que lhe assegurará o salário. O Espiritismo lhe dá a fé inabalável no futuro e a dúvida pungente não mais se lhe apossa da alma. Dando-lhe a ver do alto das coisas, a importância das vicissitudes terrenas some-se no vasto e esplêndido horizonte que ele o faz descortinar, e a perspectiva da felicidade que o espera lhe dá a paciência, a resignação e a coragem de ir até ao termo do caminho.
Como visto, o Espiritismo realiza o que Jesus disse do Consolador prometido: conhecimento das coisas, fazendo que o homem saiba donde vem, para onde vai e porque está na terra; atrai para os verdadeiros princípios da lei de Deus e Consola pela fé e pela esperança. (O Evangelho Segundo o Espiritismo, capítulo VI).
Mensagem escrita pelo Doutrinador Luiz Gonzaga Pinheiro, em seu livro Diário de um Doutrinador.


Prezado amigo, antes de expor a que veio, saiba como o Espiritismo poderá auxiliá-lo em suas dificuldades.

Em Espiritismo não temos:

Fórmulas mágicas que de imediato resolvam seus problemas.
Privilégios concedidos pelos bons espíritos a qualquer pessoa
Hábito de pesquisar o passado, o presente e o futuro de ninguém.
Maneiras de conseguir empregos, promoções, palpites de loterias, reconciliações amorosas, casamentos, noivados, divórcios ou similares.
Curas miraculosas, diagnósticos instantâneos, esponja para vícios, receitas contra o sofrimento ou amuletos para a felicidade.

Em Espiritismo temos:

Esclarecimentos sobre a origem de nossas aflições, que podem ser anteriores ou atuais, e meios de superá-las por meio da fé e do esforço e da renovação de hábitos.
Ensinamentos que atestam a bondade de Deus com imparcialidade, permitindo-nos a dor como ensinamento valioso, ensinamento este requisitado por nós próprios, quando negamos a seguir a escola fraternal de Jesus.
Em raríssimas exceções, informamos sobre vidas anteriores, a presente, ou acontecimentos futuros. Essas revelações feitas pelos amigos espirituais obedecem à necessidade e à convivência, para atenuar a problemática em si, ocorrendo mediante criteriosa avaliação da fé, do merecimento e da utilidade de tais informações para quem as busca.
Estudos que atestam ser os problemas inerentes à conjuntura cármica a que estamos vinculados. As provas e expiações geralmente são pedidas por nós em encarnações passadas, para que, vencendo-as, resgatemos nossos débitos e nos elevemos a planos mais perfeitos. O espiritismo como doutrina consoladora, ensina como portar-se frente à vida, valorizando-a, enfrentando e superando suas dificuldades com coragem e discernimento, caminho seguro para a paz de espírito.
Certeza de que, estudando e vivendo tal doutrina, entende-se a razão da dor e da aflição, procurando em si e em Jesus as forças para o soerguimento. Todos temos mais força e coragem do que supomos. Vamos! Anime-se! Jesus é a porta. Kardec é a chave. Não existe problema que não se renda à ação do trabalho e da prece.


2 Allan Kardec ( Hippolyte-Léon Denizard Rivail)

2.1. Histórico de sua vida e obra:

1804 – (03/04) Nascimento de Hippolyte-Léon Denizard Rivail, o futuro Allan Kardec, em Lyon na França. Seus pais foram Jean-Baptiste Antoine Rivail, homem de leis, e Jeanne Louise Duhamel, dona de casa.
1815 – Rivail segue para o instituto de Johann Heinrich Pestalozzi para continuar seus estudos em Yverdon na Suíça. Os estudos eram baseados no inovador método pedagógico do famoso professor, baseado na convicção de que o amor é o eterno fundamento da educação.
1822 – Rivail deixa Yverdon e se instala em Paris.
1824 – Rivail publica o seu primeiro livro didático sobre aritmética.
1825 – Abre sua primeira escola.
1826 – Funda um instituto técnico no qual ministras cursos gratuitamente.
1831 -  Rivail  publica mais um livro sobre a gramática francesa.
1832 – Casa-se com Amélie Gabrielle Boudet ( 1795 – 1883). Era professora e colaborou com o esposo em suas atividades didáticas. Não tiveram filhos.

OBS – Rivail e sua esposa foram pessoas dignas, de moralidade inatacável, dedicando-se integralmente aos ideais superiores da cultura, da educação, do bem. Lutaram a favor das causas da liberdade do ensino e da educação para meninas. Rivail ministrou por muitos anos cursos gratuitos para crianças pobres. Além de mestre, foi sempre amigo dos alunos.
            Do ponto de vista material, o casal Rivail levou vida simples, não raro enfrentando dificuldades econômicas. Na fase espírita, seus parcos recursos seriam empregados na publicação das obras inicias e em outras despesas referentes ao espiritismo. Nos anos de maiores limitações, Rivail completou suas despesas com empregos temporários modestos, como o de guarda-livros.
            Há referência segura de cerca de 21 textos publicados pelo prof. Rivail, entre livros didáticos e opúsculos diversos referentes a educação.
             Rivail possuía sólida erudição, conhecedor das diversas ciências exatas, filosofia e as artes. Traduziu, preferencialmente, obras alemãs para o francês, e vise-versa. Foi membro de diversas academias culturais, possuindo vários diplomas.
             Rivail não foi médico, como publicado em algumas ocasiões.


2.2. Das observações iniciais à primeira edição de O livro dos Espíritos

1848 – Início dos famosos fenômenos espíritas que envolveram a família fox, em Hydesville (EUA). A 28 de março verificaram-se as primeiras manifestações físicas, três dias após, estabeleceu-se a primeira comunicação tiptológica. Em poucos anos, fenômenos semelhantes passaram a chamar a atenção pública, não só nos EUA, mas também na Europa. Foi a fase das chamadas “mesas girantes”. “As “mesas girantes” revolucionavam a Europa, mormente a França; os fenômenos, de fato extraordinários, atraiam a atenção de todos, embora muitos os considerassem pura tolice ou simplesmente uma fraude.”

1854 – Rivail é informado pelo Sr. Fortier, magnetizador seu conhecido, acerca da ocorrência dos fenômenos das mesas girantes. Embora os estranhando, não julgou impossível, já que poderiam ter alguma causa física ainda não conhecida. No entanto, algum tempo depois esse mesmo Sr. Fortier lhe disse que as mesas também “falavam”, isso é davam sinais de inteligência. A reação agora foi cética: “Só acreditarei quando o vir e quando me provarem que uma mesa tem cérebro para pensar, nervos para sentir e que possa tornar-se sonâmbula. Até lá, permita-me que considere isso uma história fabulosa."

1855 – No início desse ano, o sr Cartolli lhe faz longo relato dos singulares fenômenos. Embora Rivail o conhecesse havia 25 anos, mais uma vez expressa reservas, dado o temperamento exaltado do amigo, tão em posição ao seu.

1855 - Em maio, a convite de Pâtier, Rivail assiste a algumas experiências na casa da Sra. Plainemaison, sonâmbula, e se impressiona com os fenômenos, declarando que se verificam em condições “que não deixam dúvidas [...] Minhas idéias estavam longe de precisar-se, mas havia ali um fato que necessariamente decorria de uma causa. Eu entrevia naquelas aparentes futilidades [...] qualquer coisa de sério, como que a revelação de uma nova lei, que tomei a eu estudar a fundo” .

1855 – Numa dessas reuniões, conhece a família Baudin, onde passou freqüentar assiduamente as sessões semanais que se realizavam em sua casa. Os médiuns eram as filhas do casal, Caroline e Julie, que no início escreviam com o auxilio de uma cestinha. De numerosas e frívolas que eram sob a influência de Rivail passaram a reservadas e sérias, dedicadas à pesquisa racional e metódica do novo domínio. Rivail submetia aos espíritos séries de questões visando a elucidar problemas relativos à filosofia, à psicologia e à natureza do mundo invisível. Observador arguto, o Professor Rivail logo deduziu que, sendo os Espíritos as almas dos homens, que deixaram a Terra pela morte, não tinham senão os conhecimentos, os vícios e as virtudes aqui demonstrados, pelo que só podiam, em suas mensagens, falar e esclarecer, de acordo com o seu grau de progresso intelectual e moral. Por isso, não aceitava nada sem passar pelo crivo da lógica e do bom senso. Um grupo de intelectuais encarregou-o de analisar a catalogar cerca de 50 cadernos com comunicações espirituais diversas.

1856 – Neste ano passou a freqüentar também as reuniões espíritas da casa do Sr. Roustan. As anotações de Rivail, provenientes em grande parte das comunicações obtidas pelas Srtas. Baudin, tomaram as proporções de um livro, embora se saiba que por volta de abril ainda não estava claro para ele que deveria ser um dia publicado. Depois que isso se tornou evidente, foi por intermédio da srta. Japhet que os Espíritos auxiliaram Rivail a fazer uma revisão completa do texto já elaborado. Era o Livro dos Espíritos.

1856 – Rivail tem a primeira notícia de sua missão através de uma médium, em linguagem bem alegórica.

1857 – O texto manuscrito de O livro dos Espíritos está concluído. Em 18 de abril, vem à luz a primeira edição de O Livro dos Espíritos. Contendo os princípios da doutrina espírita sobre a natureza dos espíritos, sua manifestação e suas relações com os homens, as leis morais, a vida presente, a vida futura e o porvir da humanidade, escrito sob ditado e publicado por ordem de Espíritos Superiores por Allan Kardec.

OBS: Essa primeira edição contém 501 questões em 3 partes. É nesta obra que Rivail adota o pseudônimo de Allan Kardec, nome que teria tido em antiga encarnação entre os druidas, sacerdote do povo celta. Adotou esse pseudônimo para as obras espíritas que publicou, com a finalidade de distinguir estas das publicações que fizera de obras de educação.


2.3. A Revue Spirite


1858 – A 1º de janeiro Kardec lança o primeiro número da revue spirite (Revista Espírita), jornal de estudos psicológicos. Contendo o relato das manifestações materiais ou inteligentes dos espíritos, aparições, evocações, etc., assim como todas as notícias relativas ao Espiritismo. A revista Espírita era de periodicidade mensal e durante a vida de Kardec funcionou em sua própria residência.

 OBS: Era Kardec que redigia integralmente a revista e cuidava de toda a sua correspondência e expedição, trabalho hercúleo suficiente para consumir todo o tempo de uma pessoa ordinária. E isso era apenas uma parte de seus trabalhos, havendo ainda livros, a sociedade Parisiense de Estudos Espíritas, as centenas de visitantes anuais, as viagens... Kardec editou a revista até o número de abril de 1869, inclusive. Após a morte de Kardec (31/3/1869) ela continuou sendo publicada, graças ao idealismo da senhora Allan Kardec.

1857 – Por volta de outubro desse ano iniciaram-se reuniões espíritas na residência do casal Allan Kardec. Aconteciam todas as terças-feiras e com o número crescente de participantes tiveram que alugar uma sala maior.

1858 – A 1º de abril é fundada legalmente a Sociedade Parisiense de estudos espíritas.

OBS: Foi nas reuniões semanais da Sociedade que boa parte das atividades mediúnicas e de estudo supervisionadas por Kardec se desenvolveu. A Sociedade era, assim como a Revista, um terreno de elaboração da doutrina espírita.

 


2.4. Outras obras importantes de Allan Kardec


1858Instrução Prática sobre as Manifestações Espíritas. Contendo a exposição completa das condições necessárias para se comunicar com os espíritos e os meios de se desenvolver a faculdade mediadora nos médiuns.
1859O que é o Espiritismo. Introdução ao conhecimento do mundo invisível pelas manifestações dos espíritos, contendo o resumo dos princípios da doutrina espírita e respostas às principais objeções.
1860Segunda edição de O Livro dos Espíritos. Essa nova edição tem 1019 questões, distribuídas em quatro partes.
1861O Livro dos Médiuns, ou guia dos médiuns e dos evocadores. Contendo o ensino especial dos Espíritos sobre a teoria de todos os gêneros de manifestações, os meios de se comunicar com o mundo invisível o desenvolvimento da mediunidade, as dificuldades e os escolhos com que pode deparar na prática do espiritismo.
1861Segunda edição de O livro dos Médiuns. Revista e corrigida com o concurso dos espíritos, e acrescida de grande número de instruções novas.
1862O Espiritismo na sua expressão mais simples. Exposição sumária do ensino dos espíritos e de suas manifestações.
1862Viagem Espírita em 1862. Contendo: 1. As observações sobre o estado do Espiritismo; 2. As instruções dadas por Allan Kardec nos diferentes grupos; 3. As instruções sobre a formação dos grupos e das sociedades, e um modelo de regulamento para o uso deles e delas.
1864 - Imitação do Evangelho segundo o Espiritismo. Contendo a explicação das máximas morais do Cristo, sua concordância com o Espiritismo e sua aplicação às diversas posições da vida.
1865O Céu e o Inferno, ou a Justiça Divina segundo o Espiritismo. Contendo o exame comparado das doutrinas sobre a passagem da vida corporal à vida espiritual, as penas e recompensas futuras, os anjos e os demônios, as penas eternas, etc.
1866O Evangelho segundo o Espiritismo. Corresponde e terceira edição do livro Imitação do Evangelho segundo o Espiritismo, revista, corrigida e modificada.
1868A gênese, os milagres e as predições segundo o Espiritismo. Este foi o último livro publicado por Allan Kardec.
1890Obras Póstumas. Organizado e editado por seu secretário Leymarie, esse livro reúne importantes textos de Kardec, quer de caráter teórico, sobre diversos assuntos, quer sobre fatos relativos às atividades espíritas do mestre.


2.5. A partida de Allan Kardec e alguns acontecimentos posteriores

1869 – (31 de março) – Desencarna Allan Kardec, enquanto atende a um caixeiro de livraria em decorrência de um infarto no coração.
1870 – Inaugura-se o monumento druida onde Kardec esta sepultado na França.
1875 – Vêm a público as primeiras edições brasileiras dos livros de Kardec.
1883 – Desencarna Madame Allan Kardec, seu corpo é sepultado junto ao esposo.
1883 – É fundada a revista: Reformador.
1884 – Fundação da: Federação Espírita Brasileira

 


2.6. A Atualidade de Kardec


         A 31 de março de 1869 desencarnava Allan Kardec, em Paris, em plena atividade, cuidando da “obra de sua vida’, conforme ele mesmo a denominou, a Codificação da Doutrina Espírita”.
           A obra que realizou, em estreita cooperação com a espiritualidade superior, pela sua natureza, pelo seu caráter e pela sua importância, têm sido de grande valia para os homens.  Portanto, é necessário, estudar as obras que ele escreveu e meditar sobre as revelações dos Espíritos, apreciar as anotações lúcidas e precisas do sistematizador das idéias e ensinamentos vindos dos espíritos.
          “O Livro dos Espíritos” e as demais obras fundamentais da Nova Revelação encontraram no Codificador o equilíbrio e a segurança, a clareza da linguagem, o método expositivo profundamente didático, de forma a atender a todos os espíritos, desde os mais simples até os mais intelectualizados.
          Assim, a síntese transmitida pela Espiritualidade aos homens, o Consolador prometido por Jesus, encontrou em, Allan Kardec o intermediário preparado, o intérprete à altura da excepcional tarefa.
          O espiritismo, termo criado por ele para designar a nova doutrina, está no mundo para marcar uma nova etapa na evolução do homem – a Era do espírito.
          Allan Kardec, o missionário do espiritismo, diante da Doutrina insuperável que une a Fé à Razão, a Ciência á Religião, que acompanha o progresso absorvendo os novos conhecimentos, as novas realidades desveladas, estará sempre vinculando à atualidade, independentemente do transcurso do tempo, uma vez que as verdades eternas são intemporais.




3 As mesas girantes


            Fenômeno que constituía, aparentemente, um passatempo nos salões, principalmente na França, onde pequenas mesas se movimentavam, de forma parecida com a "brincadeira do copo", muito conhecido hoje.
           É preciso dizer que a mesa não se limitava a se elevar sobre um pé para responder às questões que se lhe colocavam; ela se agitava em todos os sentidos, girava sob os dedos dos experimentadores, algumas vezes se elevava no ar, sem que se pudesse ver a força que a mantinha assim suspensa. De outras vezes as respostas eram dadas por meio de pequenos golpes, que se ouviam no interior da madeira. Esses fatos estranhos chamaram a atenção geral e logo a moda das mesas girantes invadiu a Europa inteira.
          A mesa ensinou um novo procedimento mais rápido. Sob suas indicações, se adaptou a uma prancheta triangular três pés munidos de rodinhas, e a um deles, se prendeu um lápis, colocou-se o aparelho sobre uma folha de papel, e o médium colocava as mãos sobre o centro dessa pequena mesa. Via-se então o lápis traçar letras, depois frases, e logo essa prancheta escrevia com rapidez e dava mensagens. Mais tarde ainda, se percebeu que a prancheta era de fato inútil, e que seria suficiente ao médium colocar sua mão com um lápis sobre o papel, e o Espírito a fazia agir automaticamente.
          O ser misterioso, que assim respondia e interrogado sobre a sua natureza, declarou que era um Espírito ou gênio, se deu um nome e forneceu diversas informações. Há aqui uma circunstância muito importante a notar. "Ninguém imaginou o nome “Espíritos” como um meio de explicar os fenômenos; foi a própria entidade  que revelou a palavra: “Sou um Espírito”.
             O cesto, ou a prancheta, não pode ser posto em movimento senão sob a influência de certas pessoas dotadas, de uma força especial e que são os médiuns, quer dizer, intermediários entre os espíritos e os homens.
          Muita gente passava seu tempo interrogando os Espíritos sobre seus problemas amorosos, ou sobre um objeto perdido, era uma farra, até que pessoas sérias, sábios, pensadores, atraídos pelo ruído que se fazia em torno desses fenômenos, resolveram estudá-los cientificamente.
          É nesse momento que Allan Kardec que se interessava há trinta anos pelos fenômenos ditos do magnetismo animal, do hipnotismo e do sonambulismo, e que não via nos novos fenômenos das “mesas girantes” senão um ‘conto para dormir em pé’ devido a falta de seriedade das sessões espíritas, resolveu estudar de estudar de perto o fundamento dessas aparições, mas, longe de ser um entusiasta dessas manifestações, e absorvido por suas outras ocupações, estava a ponto de abandonar os estudos, quando lhe remeteram cinqüenta cadernos de comunicações diversas recebidas durante cinco anos e lhe pediram que as sintetizasse : assim nasceu o Livro dos Espíritos.

Na Introdução de "O Livro dos Espíritos", Kardec relata:

"As primeiras manifestações inteligentes ocorreram por meio de mesas se levantando e batendo, com um pé, um número determinado de pancadas e respondendo, desse modo, por sim ou por não, segundo a convenção, a uma questão posta. Até aqui, nada que convencesse seguramente os céticos, porque se poderia crer num efeito do acaso. Obtiveram-se depois respostas mais desenvolvidas, por meio de letras do alfabeto: o objeto móvel, batendo um número de pancadas correspondente ao número de ordem de cada letra, chegava assim a formular palavras e frases que respondiam às questões propostas. A precisão das respostas, sua correlação com a pergunta, aumentaram o espanto. Freqüentemente, faz-se nas ciências exatas hipóteses para ter uma base de raciocínio; ora,isso não ocorreu neste caso".
 

"O meio de correspondência era demorado e incômodo. O Espírito, e isto é ainda uma circunstância digna de nota, indicou um outro método, o de adaptar um lápis a um cesto ou a um outro objeto. Esse cesto, pousado sobre uma folha de papel, se pôs em movimento pela força oculta que faz mover as mesas. Mas em lugar de um simples movimento regular, o lápis traça, por ele mesmo, caracteres formando palavras, frases e discursos inteiros em várias páginas, tratando das mais altas questões de filosofia, de moral, de metafísica, de psicologia, etc. e isto com tanta rapidez como se fosse escrito com a mão."
Esse conselho foi dado simultaneamente na América, na França e em diversos países. (...)

"O cesto, ou a prancheta, não pode ser posto em movimento senão sob a influência de  médiuns, quer dizer, (intermediários entre os espíritos e os homens)." (...)
“Mais tarde se reconheceu que o cesto e a prancheta, na realidade, não formavam senão um apêndice da mão, e  o médium, tomando diretamente o lápis, se puseram a escrever por um impulso involuntário e quase febril”. (...) 



A Experiência, enfim, fez conhecer outras variedades da faculdade mediúnica, e soube-se que, as comunicações poderiam igualmente ter lugar pela palavra, pelo ouvido, pela vista, pelo tato, etc. e mesmo pela escrita direta dos Espíritos.













4 Reencarnação

Kardec explica a reencarnação na sua obra "A Gênese", capítulo XI, nos seguintes termos:

"O princípio da reencarnação é uma conseqüência necessária da lei do progresso. Sem a reencarnação, como se explicaria a diferença que existe entre o presente estado social e o dos tempos de barbárie? Se as almas são criadas ao mesmo tempo que os corpos, as que nascem hoje são tão novas, tão primitivas, quanto as que viviam há mil anos; acrescentemos que nenhuma conexão haveria entre elas, nenhuma relação necessária: seriam de todo estranhas umas às outras. Por que, então, as de hoje haviam de ser melhor dotadas por Deus, do que as que as precederam? Por que têm aquelas melhor compreensão?

Por que possuem instintos mais apurados; costumes mais brando? Porque têm a intuição de certas coisas, sem as haverem aprendido? Duvidamos de que alguém saia desses dilemas, a menos admita que Deus cria almas de diversas qualidades, de acordo com os tempos e lugares, proposição inconciliável com a idéia de uma justiça soberana.

"Admiti, ao contrário, que as almas de agora já viveram em tempos distantes; que possivelmente foram bárbaras como os séculos em que estiveram no mundo, mas que progrediram; que para cada nova existência trazem o que adquiriram nas existências precedentes; que por conseguinte, as dos tempos civilizados não são almas criadas mais perfeitas, porém que se aperfeiçoaram por si mesmas com o tempo, e tereis a única explicação plausível da causa do progresso social."

O Capítulo IV de "O Evangelho Segundo o Espiritismo", diz sobre a necessidade da reencarnação:
"A passagem dos Espíritos pela vida corporal é necessária para que eles possam cumprir, por meio de uma ação material, os desígnios cuja execução Deus lhe confia. É-lhes necessária, a bem deles, visto que a atividade que são obrigados a exercer lhes auxilia o desenvolvimento da inteligência. Sendo soberanamente justo, Deus tem que distribuir tudo igualmente entre todos os seus filhos; assim é que estabeleceu para todos o mesmo ponto de partida, as mesmas obrigações a cumprir e a mesma liberdade de proceder. Qualquer privilégio seria uma preferência, uma injustiça. Mas a encarnação, para todos os Espíritos, é apenas um estado transitório. É uma tarefa que Deus lhe impõe, quando iniciam a vida, como primeira experiência do uso que farão do livre-arbítrio. Os que desempenham com zelo essa tarefa transpõem rapidamente e menos penosamente os primeiros graus da iniciação e mais cedo gozam do fruto dos seus labores. Os que, ao contrário, usam mal da liberdade que Deus lhes concede retardam a sua marcha e, tal seja a obstinação que demonstrem, podem prolongar indefinidamente a necessidade da reencarnação e é quando se torna um castigo. - S. Luiz (Paris, 1859)."

Sobre a encarnação dos Espíritos, Kardec, no capítulo XI de "A Gênese" assim manifesta:
"O Espiritismo ensina de que maneira se opera a união do Espírito com o corpo, na encarnação.
"Pela sua essência espiritual, o Espírito é um ser indefinido, abstrato, que não pode ter ação direta sobre a matéria, sendo-lhe indispensável um intermediário, que é o envoltório fluídico, o qual, de certo modo, faz parte integrante dele. É semimaterial esse envoltório, isto é, pertence à matéria pela sua origem e à espiritualidade pela sua natureza etérea. Como toda matéria, ele é extraído do fluido cósmico universal que, nessa circunstância, sofre uma modificação especial. Esse envoltório, denominado perispírito, faz de um ser abstrato, do Espírito, um ser concreto, definido, apreensível pelo pensamento. Torna-o apto a atuar sobre a matéria tangível, conforme se dá com todos os fluidos imponderáveis, que são, como se sabe os mais poderosos motores.
"O fluido perispíritico constitui, pois, o traço de união entre o Espírito e a matéria. Enquanto aquele se acha unido ao corpo, serve-lhe ele de veículo do pensamento, para transmitir o movimento às diversas partes do organismo, as quais atuam sob a impulsão da sua vontade e para fazer que repercutam no Espírito as sensações que os agentes exteriores produzam. Servem-lhe de fios condutores os nervos como, no telégrafo, ao fluido elétrico serve de condutor o fio metálico.
“ Quando o Espírito tem de encarnar num corpo humano em vias de formação, um laço fluídico, que mais não é do que uma expansão do seu perispírito, o liga ao gérmen que o atrai por uma força irresistível, desde o momento da concepção. À medida que o gérmen se desenvolve, o laço se encurta. Sob a influência do princípio vitro-material do gérmen, se une, molécula a molécula, ao corpo em formação, donde o poder dizer-se que o Espírito, por intermédio do seu perispírito, se enraíza, de certa maneira, nesse gérmen, com uma planta na terra. Quando o gérmen chega ao seu pleno desenvolvimento, completa é a união; nasce então o ser para a vida exterior.

"Um fenômeno particular, que a observação igualmente assinala, acompanha sempre a encarnação do Espírito. Desde que este é apanhado no laço fluídico que o prende ao gérmen, entra em estado de perturbação, que aumenta, à medida que o laço se aperta, perdendo o Espírito, nos últimos momentos, toda a consciência se si próprio, de sorte que jamais presencia o seu nascimento. Quando a criança respira, começa o Espírito a recobrar as faculdades, que se desenvolvem à proporção que se formam e consolidam os órgãos que lhe hão de servir às manifestações."
Mas, ao mesmo tempo que o Espírito recobra a consciência de si mesmo, perde a lembrança do seu passado, sem perder as faculdades, as qualidades e as aptidões anteriormente adquiridas, que haviam ficado temporariamente em estado de latência e que, voltando à atividade, vão ajudá-lo a fazer mais e melhor do que antes. Ele renasce qual se fizera pelo trabalho anterior; o seu renascimento lhe é um novo ponto de partida, um novo degrau a subir. Ainda aí a bondade do Criador se manifesta, porquanto, adicionada aos amargores de uma nova existência, a lembrança, muitas vezes aflitiva e humilhante, do passado, poderia turbá-lo e lhe criar embaraços. Ele apenas se lembra do que aprendeu por lhe ser isso útil. Se às vezes lhe é dado ter uma intuição dos acontecimentos passados, essa intuição é como lembrança de um sonho fugitivo. Ei-lo, pois, novo homem, por mais antigo que seja como Espírito. Adota novos processos, auxiliado pelas aquisições precedentes. “Quando retorna à vida espiritual, seu passado se lhe desdobra diante dos olhos e ele julga de como empregou o tempo, se bem ou mal.”



5. Céu e inferno - anjos e demônios



A obra "O Céu e o Inferno", nos esclarece não existir nem céu e nem inferno, conforme as religiões tradicionais relatam, e muito menos anjos e demônios. No Capítulo III da citada obra, Kardec esclarece:

"O homem compõem-se de corpo e Espírito: O Espírito é o ser principal, racional, inteligente; o corpo é o invólucro material que reveste o Espírito temporariamente, para cumprimento da sua missão na Terra e execução do trabalho necessário ao seu adiantamento. O corpo, usado, destrói-se e o Espírito sobrevive à sua destruição. Privado do Espírito, o corpo é apenas matéria inerte, qual instrumento privado da mola real de função; sem o corpo, o Espírito é tudo: a vida, a inteligência. Em deixando o corpo, torna ao mundo espiritual, onde paira, para depois reencarnar.
“ Existem, portanto, dois mundos: O Corporal composto de Espíritos encarnados; e o Espiritual formado dos espíritos desencarnados. Os seres do mundo corporal, devido mesmo à materialidade de seu envoltório, estão ligados à Terra ou a qualquer globo; o mundo espiritual ostenta-se por toda a parte, em redor de nós como no espaço, sem limite designado. Em razão mesmo da natureza fluídica do seu envoltório, os seres que o compõem, em lugar de se moverem penosamente sobre o solo, transpõem as distâncias com a rapidez do pensamento. A morte do corpo não é mais que a ruptura dos laços que os retinham cativos.
Os Espíritos são criados simples e ignorantes, mas dotados de aptidões para tudo conhecerem e para progredirem, em virtude de seu livre-arbítrio. Pelo progresso adquirem novos conhecimentos e novas faculdades, novas percepções e, consequentemente, novos gozos desconhecidos dos Espíritos inferiores; eles vêem, ouvem, sentem e compreendem o que os Espíritos atrasados não podem ver; sentir, ouvir ou compreender.
"A felicidade está na razão direta do progresso realizado, de sorte que, de dois Espíritos, um pode não ser tão feliz quanto o outro, unicamente por não possuir o mesmo adiantamento intelectual e moral, sem que por isso precisem estar, cada qual em lugar distinto. Ainda que juntos, pode um estar em trevas, enquanto que tudo resplandece para o outro, tal qual um cego e um vidente que se dão as mãos: este percebe a luz da qual aquele não recebe a mínima impressão.
Sendo a felicidade dos Espíritos inerente às sua qualidade haurem-na eles em toda parte em que se encontram, seja à superfície da Terra, no meio dos encarnados, ou no Espaço."
"A Felicidade dos Espíritos bem-aventurados não consiste na ociosidade contemplativa, que seria, como temos dito muitas vezes, uma eterna e fastidiosa inutilidade.” "A vida espiritual em todos os graus é, ao contrário, uma constante atividade, mas atividade isenta de fadigas."
"As atribuições dos Espíritos são proporcionadas ao seu progresso, às luzes que possuam, às suas capacidades, experiência e grau de confiança, inspirada no Senhor Soberano.”

No Capítulo IX de "O Céu e o inferno", o Codificador do Espiritismo ensina:
 “Segundo o Espiritismo, nem anjos, nem demônios são entidades distintas, por isso que a criação de seres inteligentes é uma só. Unidos a corpos materiais esses seres constituem a Humanidade que povoa a terra e as outras esferas habitadas; uma vez libertos do corpo material, constituem o mundo espiritual ou dos Espíritos, que povoam os Espaços. Deus Criou-os perfectíveis e deu-lhes por escopo a perfeição, com a felicidade que dela decorre. Não lhes deu, contudo, a perfeição, pois quis que a obtivessem por seu próprio esforço, a fim de que também e realmente lhes pertencesse o mérito. Desde o momento da sua criação que os seres progridem, quer encarnado, quer no estado espiritual. Atingindo o apogeu, tornam-se puros espíritos ou anjos segundo a expressão vulgar, de sorte que, a partir do embrião do ser inteligente até ao anjo, há uma cadeia na qual cada um dos elos assinala um grau de progresso.
“ Do expresso resulta que há Espíritos em todos os graus de adiantamento, moral e intelectual, conforme a posição em que se acham, na imensa escala do progresso.
"Em todos os graus existe, portanto, ignorância e saber, bondade e maldade. Nas classes inferiores destacam-se Espíritos ainda profundamente propensos à prática do mal. A estes se podem denominar demônios, pois são capazes de todos os malefícios aos ditos atribuídos. O Espiritismo não lhes dá tal nome por se prender ele à idéia de uma criação distinta do gênero humano, como seres de natureza essencialmente perversa, votados ao mal eternamente e incapazes de qualquer progresso para o bem.” 




Origem e natureza dos espíritos

"Podemos dizer que os espíritos são os seres inteligentes da criação. Eles povoam o Universo, fora do mundo material». Esta é a definição dada pelos espíritos em resposta à questão n.º 76 de «O Livro dos Espíritos», seguindo-se breve comentário de Allan Kardec: «A palavra espírito é aqui empregada para designar os seres extracorpóreos e não mais o elemento inteligente universal".
Os espíritos são individualizações do princípio inteligente, como os corpos são individualizações do princípio material; a época e a maneira dessa formação é que desconhecemos».
Podemos deduzir, dos ensinamentos acima, que a natureza do espírito não é a mesma da matéria. A posição da doutrina espírita é bem definida quanto à origem do espírito e da matéria. No capítulo 11, n.º 6, de «A Génese», ele desenvolve o seguinte raciocínio:
 
«O princípio espiritual teria a sua fonte no elemento cósmico universal? Não seria apenas uma transformação, um modo de existência deste elemento, como a luz, a eletricidade, o calor, etc.?».
Se assim fosse, o princípio espiritual passaria pelas vicissitudes da matéria; extinguir-se-ia, pela desagregação, como o princípio vital; o ser inteligente só teria uma existência momentânea, como o corpo, e com a morte voltaria ao nada, ou - o que viria a dar no mesmo - ao Todo Universal. Seria, numa palavra, a sanção das doutrinas materialistas».
Sobre o que não paira a menor dúvida é acerca da união do princípio espiritual à matéria, e, em estágios mais avançados, já o espírito individualizado, que se serve da matéria como elemento indispensável ao seu progresso... «É assim, que tudo serve tudo se encadeia na natureza, desde o átomo primitivo até ao arcanjo, pois mesmo este último começou pelo átomo. Admirável lei de harmonia, de que o vosso espírito limitado ainda não pode abarcar o conjunto».
Nem todos os espíritos tiveram o seu início aqui na Terra. Todavia, o nosso planeta começou a oferecer a possibilidade de surgimento da vida quando as grandes convulsões telúricas se atenuaram, dando condições para que o princípio espiritual, em obediência aos ditames divinos, desse origem ao surgimento das formas mais rudimentares de vida. Daí para frente, ao longo de milênios, a imensa cadeia de seres que existem, ou que existiram, estabeleceu-se, servindo cada espécie de filtro de transformismo para o espírito, na sua marcha ascensional no rumo da perfeição.
Pode parecer contraditório que, estudando o mundo dos espíritos, entremos em considerações sobre a vida na Terra. Todavia, ao tratarmos da origem e natureza dos espíritos, não poderíamos fazê-lo de outro modo, já que, tanto nas obras básicas, como noutras, de autores encarnados e desencarnados de reconhecido valor, e que demonstram profundo respeito pela doutrina, é enfatizada a marcha do espírito pelos escalões inferiores da natureza. Transcrevemos as questões n.º 607 e 607-a) de «O Livro dos Espíritos», para darmos uma idéia dessa posição. «Ficou dito que a alma do homem, na sua origem, se assemelha ao estado de infância da vida corpórea, que a sua inteligência apenas desponta, e que ela ensaia para a vida. Onde cumpre o espírito essa primeira fase? «Numa série de existências que precederam o período a que chamais de humanidade».
« - Parece, assim, que a alma teria sido o princípio inteligente dos seres inferiores da criação?
- Não dissemos que tudo se encadeia na natureza, e tende à unidade? É nesses seres, que estais longe de conhecer inteiramente, que o princípio inteligente se elabora se individualiza pouco a pouco, e ensaia para a vida, como dissemos. É, de certa maneira, um trabalho preparatório, como o da germinação, a seguir ao qual o princípio inteligente sofre uma transformação, e se torna espírito. É então que começa para ele o período de humanidade, e com este a consciência do seu futuro, a distinção do bem e do mal e a responsabilidade dos seus atos. Como depois do período da infância vem o da adolescência, depois a juventude, e por fim a idade madura. Nada há, de resto, nessa origem, que deva humilhar o homem. Os grandes gênios sentem-se humilhados por terem sido fetos informes no ventre materno? Se alguma coisa deve humilhá-los, é a sua
inferioridade perante Deus, e a sua impotência para sondar a profundidade dos seus desígnios e a sabedoria das leis que regulam a harmonia do Universo. Reconhecei a grandiosidade de Deus nessa admirável harmonia que faz a solidariedade de todas as coisas da Natureza. Crer que Deus pudesse ter feito qualquer coisa sem objetivo, e criar seres inteligentes sem futuro, seria blasfemar contra a sua bondade, que se estende sobre todas as criaturas».

 
 

















5.1 Anjos da guarda



Conforme o Capítulo XXVIII do "Evangelho Segundo o Espiritismo":

“Todos temos, ligados a nós, desde o nosso nascimento, um Espírito bom, que nos tomou sob a sua proteção”. Desempenha junto de nós, a missão de um pai para com seu filho: a de nos conduzir pelo caminho do bem e do progresso, através das provações da vida. Sente-se feliz, quando correspondemos à sua solicitude; sofre quando nos vê sucumbir.
"Seu nome pouco importa, conhecemos como nosso anjo guardião, nosso bom gênio. Podemos invocá-lo sob o nome de qualquer Espírito superior, que mais viva e particular simpatia nos inspire.
“ Além do Anjo guardião, que é sempre um Espírito superior, temos Espíritos protetores que, embora menos elevados, não são piores Podem ser amigos, parentes, ou, até, entre pessoas que não conhecemos na existência atual. Eles nos assistem com os seus conselhos e, não raro, intervindo nos atos da nossa vida.
"Espíritos simpáticos: são os que se ligam a nós por certa afinidade de gostos e a pendores. Podem ser bons ou maus, conforme a natureza das inclinações nossas que os atraiam.
"Os Espíritos sedutores: se esforçam por nos afastar das veredas do bem, nos sugerindo maus pensamentos. Aproveitam-se de todas as nossas fraquezas, como de outras tantas portas abertas, que lhes facultam acesso à nossa alma. Alguns há que se nos aferram, como a uma presa, mas que se afastam, em se reconhecendo impotentes para lutar contra a nossa vontade.
"Deus, em nosso anjo guardião, nos deu um guia principal e superior e, nos Espíritos protetores e familiares, guias secundários. Fora erro, porém, acreditarmos que forçosamente, temos um mau gênio ao nosso lado, para contrabalançar as boas influências que sobre nós se exerçam. Os maus Espíritos acorrem voluntariamente, desde que achem meio de assumir predomínio sobre nós, ou pela nossa fraqueza, ou pela negligência que tenhamos em seguir as inspirações dos bons Espíritos. Somos nós, portanto, que os atraímos. Resulta desse fato que jamais nos encontramos privados da assistência dos bons Espíritos e que de nós depende o afastamento dos maus. Sendo, por suas imperfeições, a causa primária das misérias que o afligem, ou seja, seu próprio mau gênio."