É muito difícil lidar com perdas, principalmente de quem amamos. Somos criados de forma errada, não somos preparados para aceitar a desencarnação. Desde criança nos é incutido o medo da morte e ela é colocada como um castigo, uma maldição. Só que a única coisa certa nessa vida é a desencarnação. Todos sem exceção iremos morrer e isso não deveria ser um tabu e sim uma realidade a ser aceita. Deveríamos estudar a morte e tentar entender porque Deus nos daria uma vida, colocaria pessoas nela as quais nos apegamos e depois nos tiraria dessa vida, as vezes sem tempo ou oportunidade de despedida. Se pensarmos nisso assim, friamente, não veremos sentido e aí o sofrimento, a dor, acaba tomando conta de nosso ser.
Imagino a vida como uma escola, nela vivemos as lições que
precisamos para que nos tornemos seres melhores, mais evoluídos. Através da
convivência com irmãos afins e com aqueles que temos dificuldades de
convivência, vamos aparando as arestas, modelando nossos sentimentos. A
sabedoria de Deus é tão grande que coloca em nossas vidas alguns irmãos (espíritos)
como filhos, para que com a docilidade e
a dependência desse ser, através do amor incondicional de pais, superemos
qualquer sentimento menor. Isso é oportunidade de recomeço.
Cada um de nós tem uma temporada para viver nossas vidas e
esse tempo deve ser aproveitado da melhor maneira possível. Penso que se desde
crianças fôssemos preparados para a morte, sabendo que não temos a vida toda para
melhorarmos moralmente, não perderíamos tanto tempo com futilidades. Somos criados para acharmos que
temos todo tempo do mundo, com isso vamos adiando planos: amanhã peço perdão,
depois digo que o amo, vou mudar esse
meu egoísmo no próximo ano, vou visitá-lo outro dia, e sempre deixando para
depois. Aí o tempo acaba e fica aquela sensação de não ter feito ou dito tudo
que podia, brotando em nosso coração angústia, tristeza e revolta.
Não aceitar a morte de quem amamos é natural, na verdade o
que temos que pensar é que a morte não existe, apenas mudamos, ou melhor,
voltamos para o nosso verdadeiro lar. Não existe uma fórmula mágica para
aliviar essa dor da perda, a própria natureza nos dá um caminho que é o tempo,
com o passar dos dias, meses, anos, essa dor vai diminuindo e fica apenas uma grande
saudade. Quando acreditamos na vida depois da morte, sabemos que apesar da
distância, o ser amado está vivo em algum lugar do universo e certamente, cada
um no seu devido tempo, irá se encontrar.
Quando vamos viajar, para algum lugar, arrumamos nossa mala
e nela colocamos tudo que achamos que iremos precisar nessa viajem. Assim
devemos fazer com a morte, sabemos que um dia iremos viajar, só que nessa mala,
só cabem sentimentos , pois, nada de
material levaremos conosco. Cabe a nós usar esse tempo que temos para chegarmos
no mundo espiritual com uma bagagem grande, que nos propiciará uma melhor
adaptação e melhores companhias. Vamos
sempre para onde nossa energia se equivale, por isso, melhore-se sempre,
abandone seus vícios, encha-se de bons sentimentos, tenha atenuantes para
anularem os agravantes. Você, só você, pode se ajudar. Tenha uma boa vida para
ter uma boa morte!.
Ana Maria Corrêa
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