domingo, 21 de outubro de 2012

Aborto




A Doutrina Espírita admite o aborto apenas em uma situação: na hipótese de a gravidez representar perigo para a vida da gestante. No caso do estupro, deve ser preservado o direito do inocente que está para nascer. Se a mãe não desejar o fruto daquele relacionamento espúrio (ilegítimo), que dê a luz à criança e depois a entregue para adoção, se conseguir. Não é raro acontecer que a mãe termine apegando-se amorosamente à criança, a princípio rejeitada, que geralmente se transforma em arrimo (suporte) material e moral da mãe nos dias de sua velhice. Geralmente o estupro, sendo resultante da lei de causa e efeito, representa uma expiação para a mãe e para os familiares, que terão uma grande oportunidade de superar, juntos, as dificuldades e os sofrimentos. O aborto é um ato de covardia, um assassinato praticado contra uma criatura indefesa. Pior que isso, é um crime contra a Natureza, uma vez que o direito de nascer é de Procedência Divina. Não cabe a criatura alguma a faculdade de obstar esse direito, extinguindo a vida de um ser em formação. A vida é um bem indisponível, da qual somos meros usufrutuários.
A União do Espírito ao corpo inicia-se no momento da fecundação, mas só se completa por ocasião do nascimento. Portanto, desde o início da gestação, já há um Espírito ligado ao ovo.
A vida humana é um processo e não uma estação, que se inicia no momento da concepção e que se estende por demais fases: zigoto, mórula, blástula, pré-embrião, embrião, feto, bebê, criança, jovem, adulto e idoso. Interrompê-la em quaisquer dessas fases representa um sério atentado contra a vida. Este não é um argumento religioso; é um argumento científico!
O abortamento significa a expulsão do Espírito de forma violenta, portanto um crime, pelo qual respondem os que praticam a decisão de efetivá-lo e os que executam.
O Velho Testamento, o mandamento da lei moral ainda em vigor preconiza o “não matarás”. Com que direito então vamos condenar um inocente, que tem o mesmo direito à vida que nós encarnados?
O aborto frustra o trabalho de verdadeiras equipes espirituais que se coordenam no esforço abnegado para o êxito do processo reencarnatório.
Às vezes a criança que se pretende abortar pode ser um Espírito adiantado, cujo planejamento reencarnatório prevê o cumprimento de tarefas missionárias na Terra, como já aconteceu tantas vezes, ao que se observa das narrativas históricas, e, se não fossem as heróicas mães, que tiveram a coragem de afrontar determinadas circunstâncias desfavoráveis ao nascimento de seus rebentos, o mundo não teria se beneficiado das contribuições inestimáveis ao seu progresso intelectual e moral, trazidas por esses benfeitores da Humanidade. Independente da missão a ser desenvolvida, uma vez que todo Espírito tem uma tarefa a cumprir na sociedade, por mais simples que seja o aborto deve ser evitado sempre.
Mesmo diante da possibilidade de o filho nascer com deformidades físicas, como, por exemplo, no caso da hidrocefalia (presença anormal de líquido no cérebro) e da anencefalia (ausência do cérebro físico), a Doutrina espírita não recomenda o aborto, que, muitas vezes, é autorizado, inadvertidamente, por magistrados desconhecedores das Leis Naturais em estudo. Não há acaso no processo reencarnatório, pois a Leis Divinas obedecem a um planejamento, tendo em vista a reeducação e a felicidade das criaturas. Nas maiorias das vezes, as deformidades físicas fazem parte do programa expiatório do reencarnatório.
É muito mais sensato enfrentar a gravidez, em qualquer situação, do que praticar um crime dessa natureza. Além da consciência tranquila, os pais receberão a ajuda necessária do Criador para cumprir o seu papel.
Desde que as criaturas se permitem a comunhão sexual, é justo que se submetam ao tributo da responsabilidade do ato livremente praticado.  

Retirado do Livro Espiritismo passo a passo com Kardec
Christiano Torchi
FEB





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