A Doutrina Espírita admite o aborto apenas em uma situação:
na hipótese de a gravidez representar perigo para a vida da gestante. No caso
do estupro, deve ser preservado o direito do inocente que está para nascer. Se
a mãe não desejar o fruto daquele relacionamento espúrio (ilegítimo), que dê a
luz à criança e depois a entregue para adoção, se conseguir. Não é raro
acontecer que a mãe termine apegando-se amorosamente à criança, a princípio
rejeitada, que geralmente se transforma em arrimo (suporte) material e moral da
mãe nos dias de sua velhice. Geralmente o estupro, sendo resultante da lei de
causa e efeito, representa uma expiação para a mãe e para os familiares, que
terão uma grande oportunidade de superar, juntos, as dificuldades e os
sofrimentos. O aborto é um ato de covardia, um assassinato praticado contra uma
criatura indefesa. Pior que isso, é um crime contra a Natureza, uma vez que o
direito de nascer é de Procedência Divina. Não cabe a criatura alguma a
faculdade de obstar esse direito, extinguindo a vida de um ser em formação. A
vida é um bem indisponível, da qual somos meros usufrutuários.
A União do Espírito ao corpo inicia-se no momento da
fecundação, mas só se completa por ocasião do nascimento. Portanto, desde o
início da gestação, já há um Espírito ligado ao ovo.
A vida humana é um processo e não uma estação, que se inicia
no momento da concepção e que se estende por demais fases: zigoto, mórula,
blástula, pré-embrião, embrião, feto, bebê, criança, jovem, adulto e idoso.
Interrompê-la em quaisquer dessas fases representa um sério atentado contra a
vida. Este não é um argumento religioso; é um argumento científico!
O abortamento significa a expulsão do Espírito de forma
violenta, portanto um crime, pelo qual respondem os que praticam a decisão de
efetivá-lo e os que executam.
O Velho Testamento, o mandamento da lei moral ainda em vigor
preconiza o “não matarás”. Com que direito então vamos condenar um inocente,
que tem o mesmo direito à vida que nós encarnados?
O aborto frustra o trabalho de verdadeiras equipes
espirituais que se coordenam no esforço abnegado para o êxito do processo
reencarnatório.
Às vezes a criança que se pretende abortar pode ser um Espírito
adiantado, cujo planejamento reencarnatório prevê o cumprimento de tarefas
missionárias na Terra, como já aconteceu tantas vezes, ao que se observa das
narrativas históricas, e, se não fossem as heróicas mães, que tiveram a coragem
de afrontar determinadas circunstâncias desfavoráveis ao nascimento de seus
rebentos, o mundo não teria se beneficiado das contribuições inestimáveis ao
seu progresso intelectual e moral, trazidas por esses benfeitores da
Humanidade. Independente da missão a ser desenvolvida, uma vez que todo Espírito
tem uma tarefa a cumprir na sociedade, por mais simples que seja o aborto deve
ser evitado sempre.
Mesmo diante da possibilidade de o filho nascer com
deformidades físicas, como, por exemplo, no caso da hidrocefalia (presença
anormal de líquido no cérebro) e da anencefalia (ausência do cérebro físico), a
Doutrina espírita não recomenda o aborto, que, muitas vezes, é autorizado,
inadvertidamente, por magistrados desconhecedores das Leis Naturais em estudo. Não
há acaso no processo reencarnatório, pois a Leis Divinas obedecem a um
planejamento, tendo em vista a reeducação e a felicidade das criaturas. Nas
maiorias das vezes, as deformidades físicas fazem parte do programa expiatório
do reencarnatório.
É muito mais sensato enfrentar a gravidez, em qualquer
situação, do que praticar um crime dessa natureza. Além da consciência tranquila,
os pais receberão a ajuda necessária do Criador para cumprir o seu papel.
Desde que as criaturas se permitem a comunhão sexual, é
justo que se submetam ao tributo da responsabilidade do ato livremente
praticado.
Retirado do Livro Espiritismo passo a passo com Kardec
Christiano Torchi
FEB
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